A Colinesterase é a
enzima responsável pela hidrólise (destruição) da acetilcolina. Esta
encontra-se presente nas sinapses (terminações nervosas), servindo como
mediadora química da transmissão de impulsos nervosos através de fibras
pré-ganglionares parassimpáticas e pós-ganglionares simpáticas. A acetilcolina,
quando em excesso, é prejudicial. Para evitar isso, a colinesterase sanguínea
quebra a acetilcolina quase instantaneamente, inativando-a, à medida que ela
vai sendo elaborada. Essa reação química dá origem à colina e ao ácido acético,
ambos inofensivos para o organismo.
Existem dois tipos de
colinesterases: acetilcolinesterase ou colinesterase verdadeira (eritrocitária)
existente nas hemácias, no tecido nervoso e nos músculos estriados, sendo esta
a de maior importância na destruição da acetilcolina; e a pseudocolinesterase ou
inespecífica, presente em quase todos os tecidos, principalmente no fígado, no
plasma, pâncreas e no intestino delgado e em menor concentração no sistema
nervoso central e periférico. A pseudocolinesterase encontrada no soro diminui
antes daquela encontrada nas hemácias, sendo portanto, indicador biológico da
exposição a inseticidas organofosforados.
Os inseticidas
organofosforados e carbamatos são poderosos inibidores da colinesterase, sendo
os organofosforados muito utilizados atualmente em saúde pública, em especial
pelo PEAa. Com objetivo de garantir a proteção da saúde dos manipuladores desses
inseticidas, os convênios do PEAa que estão sendo celebrados atualmente com
Estados e Municípios contêm cláusula em que se comprometem a garantir aos
manipuladores desses produtos exames periódicos e uso de equipamento de
proteção individual (EPI).
A colinesterase pode
sofrer alterações com diminuição da sua concentração basal em pessoas que são
expostas constantemente a esses inseticidas. Os valores da colinesterase podem
sofrer diminuição também em pacientes portadores de alguma doença hepáticas (hepatite
viral, doença amebiana, cirrose, carcinomas, congestão hepática por
insuficiência cardíaca), desnutrição, infecções agudas, anemias, infarto do
miocárdio e dermatomiosite e alcoolismo.
Considerando que os
níveis basais da colinesterase sofrem variações de uma pessoa para outra, é
importante realizar o teste basal (pré-exposição) antecipadamente nas pessoas
que irão ter contato com organofosforados e carbamatos.
A dosagem periódica
da colinesterase sanguínea em manipuladores desses inseticidas é obrigatória,
devendo ser realizada no mínimo a cada seis meses, podendo reduzir-se este
período a critério do médico coordenador ou do médico agente da inspeção de
trabalho ou, ainda, mediante negociação coletiva de trabalho. A FUNASA/MS, através
do seu serviço médico, definiu que a periodicidade dos exames deverá ser
quinzenal, e, para cada resultado encontrado, haverá um procedimento que vai
desde o afastamento temporário até o definitivo afastamento das atividades com
inseticidas.
A avaliação dos
resultados depende do kit em uso. Atualmente, existem dois testes de campo: um
que determina a atividade colinesterásica e o outro a sua inibição e kits espectrofotométricos.
Tais resultados devem ser correlacionados com os antecedentes patológicos do
paciente.
Finalmente, o uso dos
equipamentos de proteção individual (EPI) e o apropriado manuseio desses
inseticidas constituem medidas de suma importância na prevenção da saúde do
trabalhador.
Nesse sentido,
constituirão objeto de permanente preocupação por parte dos responsáveis pela
programação e execução do combate ao Aedes aegypti as normas regulamentadoras
de prevenção e controle da saúde dos grupos ocupacionais incumbidos das
atividades descritas neste Manual.
Extraído “Manual
Técnico do Combate a Dengue”, FUNASA Abril/2001, páginas 62 e 63.
Nota: Já estou a 1 ano e meio no Controle de Endemias no
RJ e nunca fiz esse exame, nem mesmo quando fui admitido.
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